Hoje é meu aniversario, e acordei, parei, pensei que eu queria uma coisa simples, não queria pensar demais, falar demais (vou tentar)...
Eu apenas nasci? Foi a pergunta, as coisas realmente são como são? É que hoje eu estou realmente cafona, mas aniversario não é cafona, romântico e inocente? A data que se repete só no numero, na verdade ela aconteceu apenas uma vez. Mas tudo bem hoje eu preciso ser
simples e cafona, me darei esse direito sem o meu alter ego me encher o saco! Hoje eu posso! Por exemplo, as frases feitas, os adágios ou provérbios que eu nunca me permito falar a não ser que eu queira ser simples assim. Estou no mundo a passeio? Acho que não, de jeito nenhum, dou umas corridinhas de vez em quando, pego no rabo do bicho, chacoalho, mordo, respondo, mato de rir e morro de raiva, de rir também, mas é preciso renascer e renascer e renascer sem se sentir estranha, é preciso fazer de tudo e com que tudo me dê uma sensação de gostoso neste mundo, é preciso estar com pessoas e em um lugar de máximo respeito, e eu devo isso a mim, sou eu quem escolhe. Não gosto de certas coisas, e não as trago comigo. Não gosto da dor, da raiva, da maluquice, do descontrole, mas, quando acontecem, eu lido com eles, e com uma certa calma. A gente corre contra o tempo, mas o melhor é que a gente correndo contra o tempo, está esgotando o tempo, esta frase é completamente errada, na verdade a gente não corre contra ele, se a gente corre a gente o mata, eu então corro para ele, engolindo-o, tomando-o, esgotando-o. Mas hoje ele não me escapa, eu o perceberei minuto a minuto.
Eu me lembro outro dia que eu fazia dez anos de idade, outro dia mesmo e não é que eu tenha parado lá, ou qualquer coisa do tipo, mas eu me lembro, eu paquerava pela primeira vez e era delicioso, eu me lembro do "meu cachorro me sorrir latindo" (risos), na musica de Roberto, do Brasil inteiro cantar com a Rita Lee "Lança Perfume". Eu adorava imitá-la andando de patins perto de minha casa. Mas nessa época eu deveria ter três anos ou quatro não sei. Ih, estou regredindo! Eu estou nos trinta e poucos anos, mas é como se fosse ontem a tardinha que eu fui pela primeira vez a um cinema, que eu senti o coração transloucado e o perfume da paixão pela primeira vez e enlouqueci, e que pela primeira grande vez, eu dei os meus pulinhos e saltos adoráveis e entristeci por uma desilusão amorosa, que nasceram os meus seios irrompendo em uma dor tremenda no que antes era liso, reto, nada. Coisas da vida e de quem esta nesse mundo para viver, me lembro de quando eu saí de casa pela primeira vez por uma pretensão de viver mais todos os dias, uma vontade de buscar significado e compreensão, pela curiosidade e encaixe, coisas de quem acorda e sai todos os dias!
O engraçado é que eu não me lembro tanto das outras vezes que essas mesmas coisas se repetiram com tanta empolgação, e hoje eu preciso me lembrar com o mesmo afinco de que todos os dias são uma primeira vez, um único dia, e outra frase feita, que “todo dia é talvez o ultimo dia” (risos) essa é terrível, que é preciso aprender olhando o que parece ser tudo de novo e que não é. Os amores não são a mesma coisa, por mais que pareça. A gente não sente o mesmo, por mais que pareça muitas vezes. Eu acho que muitas vezes os amores, as paixões mudam só o personagem, a doença é a mesma, a invenção é nossa, toda nossa, mas assim não é possível aprender. Por exemplo, vocês já devem ter ouvido os mais velhos e mais turrões dizerem “ah não, se antes eu não mudei, to muito velho pra mudar", frases feitas. Fácil, não? Estacionar o carro velho enguiçado e deixá-lo lá na esquina enferrujando. Eu não quero ser assim, tenho horror disso, quer dizer que se é mais velho é como se não vivesse mais, esta sentada "com a boca cheia de dentes, esperando a morte chegar?” Espere, vai dizer agora que é difícil, mas o tal do difícil é você quem esta dizendo, eu digo que é fácil e faço ser e serei uma mudança ambulante, porque se você vive você muda, e se você é inteligente e quer, você aprende, percebe e automaticamente muda. Eu quero viver aprendendo, e quando se aprende no dia a dia, se está disposto a aprender com o cotidiano sem essas bobagens todas que nos impedem, orgulho, pretensão, pragmatismo, intransigência, preguiça, etc, saber de si é a solução, perceber o que me desperta alegria, boa saudade, elegância da alma, carinho, responsabilidade. Quando se percebe o ruim, se percebe o bom e vice-versa. Cada palavra, cheiro ou som me traz um tipo de memória e essa memória muda o meu dia, me altera. E eu preciso me lembrar de aprender todos os dias, o que não é fácil, com os acontecimentos já estabelecidos, aprender no dia a dia é um luxo e uma proposta um tanto pretensiosa, mas todos somos. Pois isso me tira do meu canto já estabelecido, confortável, seguro, acomodado. É um pouco estranho porque geralmente a gente precisa do novo para ter um choque ou algum tipo de sinc que ilumine. Mas estar vivo não é estar iluminado? Eu não quero e nem precisarei de gritos da vida nem de ninguém para funcionar, para produzir, para acordar, para perceber uma coisa à frente do meu nariz. Ai vem a historia de estar feliz, me sinto feliz quando estou alerta, orgulhosa de mim, quando faço o mínimo para o meu equilíbrio, deixar as coisas ruins do passado no passado, aquela velha frase clichê que todos sabem, mas como? Sei lá, dá-se um jeito, e não vivê-los como se tivessem acontecido ontem. Pensar que só eu sou responsável pelo meu bem estar hoje, e não depender de qualquer um para isso. Tentar até conseguir, como? Sei lá, cada um tem seu jeito, quando tiver puto, pular duzentas vezes, correr cinco em volta do quarteirão, dar cambalhota na cama ou no chão, cortar a grama sua e se não bastar a do vizinho também, gritar e gritar palavras estranhas e rir de si mesmo, adorar! Ler o máximo possível, isso da um orgulho de si além de outras coisas tantas! Eu às vezes acho que se alguns seres humanos pendentes a raiva, massacrados pela magoa e fúria tivessem tido a oportunidade de se perceberem melhor, descoberto o esporte antes de seus crimes, eles jamais teriam se tornado dignos de jaulas. Suando, se exercitando a mente ou o corpo alivia a raiva, o ódio e a tristeza, quase todos sabem disso.Isso dá um alivio de si, e se faz sentir confortável no mundo. Como? É bom não pensar, se pensar muito não dá, pelo menos hoje, não pensar no sofrimento dos outros faz bem, alguém morreu, não quero saber, alguém terminou o casamento o namoro e o diabo a quatro, não quero saber, não me conte, deixe eu curtir a minha existência balzaquiana, simples assim. Fazer com que eu me orgulhe de mim, simples assim, estes são os meus cafunés próprios (risos). Rir de nada e rir de tudo. Garantir as minhas tolices e abastecimento do meu humor. O mais importante é verificar o que está parado há muitos anos, estar de “riso fácil" mas não cômodo, e não deixar que o outro provérbio "saúde o resto a gente corre atrás" seja verdadeiro, porque esse é um dos mais enganadores. A saúde é a primeira a se correr atrás, é o que mais se precisa perceber. De tudo se corre atrás, pois ninguém está aqui a passeio. Só hoje eu quero passear a vontade. Simples assim. Beijos a todos...